Durante o presente ano, o ouro entrou numa fase histórica nova após superar as expectativas da maioria dos analistas. Assistimos a uma subida acentuada que atingiu 4300 dólares por onça em outubro, seguida de uma correção para níveis de 4000 dólares posteriormente. Estes movimentos não são aleatórios, mas refletem mudanças profundas no ambiente económico e político global que continuarão a influenciar até 2026 e além.
Os seis fatores que moldam o futuro dos preços do ouro
Primeiro: Demanda institucional e de investimento
Dados do Conselho Mundial do Ouro mostram que a procura total no segundo trimestre de 2025 atingiu 1249 toneladas, um aumento de 3% ao ano, mas os números reais revelam uma história mais profunda: fundos negociados em bolsa de ouro atingiram um novo máximo com ativos sob gestão de 472 mil milhões de dólares, com reservas que chegaram a 3838 toneladas. Isto coloca o metal à beira de um pico histórico nunca antes visto.
O que chama atenção é que cerca de 28% dos novos investidores nos mercados desenvolvidos decidiram adicionar ouro às suas carteiras pela primeira vez, impulsionados por relatórios mediáticos intensivos e expectativas de alta. O importante é que esses investidores mantiveram as suas posições mesmo durante períodos de correção, o que significa que a procura nova não é especulativa, mas de longo prazo.
A América do Norte liderou a lista de compradores com 345,7 toneladas de um total de 618,8 toneladas desde o início de 2025, seguida pela Europa com 148,4 toneladas e Ásia com 117,8 toneladas.
Segundo: Ações aceleradas dos bancos centrais
O número de bancos centrais que gerem reservas de ouro atingiu 44% do total dos bancos mundiais, um aumento significativo face aos 37% de há um ano. Só a China adicionou mais de 65 toneladas na primeira metade do ano, continuando a compra regular pelo 22º mês consecutivo. a Turquia reforçou as suas reservas para mais de 600 toneladas.
O conselho prevê que estas compras continuem a ser o principal fator de suporte à procura até ao final de 2026, especialmente nos mercados emergentes que desejam reduzir a dependência do dólar e proteger as suas moedas locais das volatilidades.
Terceiro: Escassez de oferta como problema estrutural
Apesar de a produção mineira ter atingido um recorde de 856 toneladas no primeiro trimestre, o aumento não ultrapassou 1% ao ano. O mais importante é que a quantidade de ouro reciclado diminuiu 1%, pois os proprietários preferem mantê-lo em vez de vendê-lo, na expectativa de subida de preços.
Os custos globais de extração subiram para 1470 dólares por onça em meados de 2025, o nível mais alto em uma década. Isto significa que a expansão da produção será lenta e dispendiosa, aprofundando a lacuna entre procura crescente e oferta limitada.
Quarto: Trajetória das taxas de juro e políticas monetárias
A Reserva Federal cortou as taxas de juro em outubro em 25 pontos base para o intervalo de 3,75-4,00%. Os mercados já precificam uma nova redução de 25 pontos na reunião de dezembro, tornando-se o terceiro corte desde o início do ano.
Segundo as previsões da BlackRock, o Federal Reserve poderá atingir uma taxa de 3,4% até ao final de 2026. Isto reduzirá os rendimentos reais dos títulos, atenuando o custo de oportunidade de possuir ouro, que não rende juros.
O Banco Central Europeu continuou a endurecer a política para combater a inflação, enquanto o Banco do Japão manteve uma política acomodatícia. Esta divergência criou um ambiente de instabilidade que levou os investidores a recorrer ao ouro como refúgio seguro.
Quinto: Dívida soberana e preocupação inflacionária
A dívida pública global ultrapassou 100% do PIB, segundo o Fundo Monetário Internacional. Isto levantou preocupações sobre a sustentabilidade das políticas fiscais, especialmente nas economias avançadas.
A fraqueza do dólar e o abrandamento do crescimento nas maiores economias apoiaram os preços das commodities, liderados pelo ouro. Dados da Bloomberg Economics indicam que 42% dos maiores fundos de hedge aumentaram posições em ouro no terceiro trimestre de 2025.
Sexto: Riscos geopolíticos e tensões
Conflitos comerciais entre os EUA e a China, além de tensões no Médio Oriente, aumentaram a procura por ouro em 7% ao ano. A escalada de tensões no estreito de Taiwan e as preocupações com o fornecimento de energia levaram os preços acima de 3400 dólares em julho, antes de saltarem ainda mais em outubro.
Este comportamento mostra que qualquer nova crise geopolítica em 2026 poderá impulsionar o ouro para níveis recorde.
O dólar e os títulos: os dois principais fatores de movimento de preço
O índice do dólar caiu 7,64% desde o pico de início de 2025 até ao fecho de 21 de novembro, influenciado pelas expectativas de corte de juros. As yields dos títulos americanos a 10 anos caíram de 4,6% no primeiro trimestre para 4,07% em meados de novembro.
Este duplo recuo reforçou a procura institucional por ouro, com investidores a procurar equilibrar as suas carteiras afastando-se de ativos denominados em dólares. Analistas do Bank of America veem que a estabilidade das yields reais perto de 1,2% com pressão contínua sobre o dólar pode colocar o ouro numa faixa de alta sustentável.
Perspetivas: previsões dos analistas para 2026
Banco HSBC prevê um salto para 5000 dólares por onça no primeiro semestre de 2026, com uma média anual de 4600 dólares.
Bank of America elevou a sua previsão para 5000 dólares como pico, mas alertou para uma possível correção de curto prazo ao realizar lucros, com uma média prevista de 4400 dólares.
Goldman Sachs ajustou as suas previsões para 4900 dólares, citando fluxos fortes para fundos de ouro e compras contínuas por parte dos bancos centrais.
J.P. Morgan prevê que o ouro atingirá 5055 dólares até meados de 2026.
O intervalo mais consensual entre os analistas situa-se entre 4800 e 5000 dólares como pico potencial, com uma média entre 4200 e 4800 dólares para o ano.
Alertas: quando o momentum pode diminuir?
Banco HSBC alertou que o momentum pode perder força na segunda metade de 2026, com uma possível correção para 4200 dólares ao realizar lucros, mas exclui uma descida abaixo de 3800 dólares a menos que ocorra um choque económico real.
Goldman Sachs advertiu que preços acima de 4800 dólares podem passar por um “teste de credibilidade de preço”, especialmente com a procura industrial fraca.
Por outro lado, analistas do J.P. Morgan e Deutsche Bank argumentam que o ouro entrou numa nova zona de preço difícil de romper para baixo, graças à mudança estratégica na perceção do investidor, que o vê como um ativo de longo prazo em vez de uma ferramenta especulativa passageira.
Análise técnica: o que diz o gráfico?
No gráfico diário, o ouro fechou a 21 de novembro de 2025 em 4065,01 dólares, após atingir um pico de 4381,44 dólares em 20 de outubro.
O ouro quebrou a linha de tendência ascendente no gráfico diário, mas mantém a linha de tendência principal que liga os fundos em torno de 4050 dólares. O suporte forte na zona de 4000 dólares é um ponto de viragem decisivo: se for rompido com um fecho diário claro, o preço pode atingir os 3800 dólares (50% de retração de Fibonacci).
Na resistência, o primeiro nível forte é 4200 dólares, seguido por 4400 e 4680 dólares.
O índice de força relativa (RSI) está estável em 50, indicando uma condição de total neutralidade, sem sobrecompra ou sobrevenda. O indicador MACD permanece acima de zero, confirmando a continuação da tendência de alta geral.
A análise técnica sugere que a negociação continuará dentro de um intervalo lateral entre 4000 e 4220 dólares a curto prazo, mantendo a perspetiva positiva enquanto o preço permanecer acima da linha de tendência principal.
Perspetivas do ouro nos mercados árabes
Em Egito, as estimativas apontam para um preço do ouro de cerca de 522.580 libras egípcias por onça até 2026, um aumento de aproximadamente 158,46% face aos preços atuais.
Na Arábia Saudita, se considerarmos o cenário ambicioso de 5000 dólares por onça, a uma taxa de câmbio fixa, o valor pode chegar a cerca de 18750 a 19000 riais sauditas.
Nos Emirados Árabes, o mesmo cenário pode resultar numa estimativa de perto de 18375 a 19000 dirhams Emirados.
Importa salientar que estas estimativas assumem a estabilidade das taxas de câmbio (e que o mercado global mantém a procura sem grandes oscilações económicas).
Conclusão: refúgio seguro ou bolha de preço?
Embora o consenso indique que o ouro deverá testar os 5000 dólares em 2026, a concretização depende da estabilidade de várias equações:
Continuação da diminuição das yields reais dos títulos
Fraqueza do dólar americano
Crescente risco económico e geopolítico
Compras contínuas pelos bancos centrais
Por outro lado, uma redução da inflação real ou uma recuperação da confiança nos mercados pode levar o ouro a uma fase de estabilidade prolongada antes de atingir esses níveis. Mas o que parece claro é que os fatores fundamentais sustentam a tendência de alta pelo menos até meados de 2026, tornando o metal amarelo uma opção de investimento atraente para investidores à procura de proteção e hedge contra a incerteza.
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Caminho do ouro rumo aos 5000 dólares: o que esperar dos investidores em 2026?
Durante o presente ano, o ouro entrou numa fase histórica nova após superar as expectativas da maioria dos analistas. Assistimos a uma subida acentuada que atingiu 4300 dólares por onça em outubro, seguida de uma correção para níveis de 4000 dólares posteriormente. Estes movimentos não são aleatórios, mas refletem mudanças profundas no ambiente económico e político global que continuarão a influenciar até 2026 e além.
Os seis fatores que moldam o futuro dos preços do ouro
Primeiro: Demanda institucional e de investimento
Dados do Conselho Mundial do Ouro mostram que a procura total no segundo trimestre de 2025 atingiu 1249 toneladas, um aumento de 3% ao ano, mas os números reais revelam uma história mais profunda: fundos negociados em bolsa de ouro atingiram um novo máximo com ativos sob gestão de 472 mil milhões de dólares, com reservas que chegaram a 3838 toneladas. Isto coloca o metal à beira de um pico histórico nunca antes visto.
O que chama atenção é que cerca de 28% dos novos investidores nos mercados desenvolvidos decidiram adicionar ouro às suas carteiras pela primeira vez, impulsionados por relatórios mediáticos intensivos e expectativas de alta. O importante é que esses investidores mantiveram as suas posições mesmo durante períodos de correção, o que significa que a procura nova não é especulativa, mas de longo prazo.
A América do Norte liderou a lista de compradores com 345,7 toneladas de um total de 618,8 toneladas desde o início de 2025, seguida pela Europa com 148,4 toneladas e Ásia com 117,8 toneladas.
Segundo: Ações aceleradas dos bancos centrais
O número de bancos centrais que gerem reservas de ouro atingiu 44% do total dos bancos mundiais, um aumento significativo face aos 37% de há um ano. Só a China adicionou mais de 65 toneladas na primeira metade do ano, continuando a compra regular pelo 22º mês consecutivo. a Turquia reforçou as suas reservas para mais de 600 toneladas.
O conselho prevê que estas compras continuem a ser o principal fator de suporte à procura até ao final de 2026, especialmente nos mercados emergentes que desejam reduzir a dependência do dólar e proteger as suas moedas locais das volatilidades.
Terceiro: Escassez de oferta como problema estrutural
Apesar de a produção mineira ter atingido um recorde de 856 toneladas no primeiro trimestre, o aumento não ultrapassou 1% ao ano. O mais importante é que a quantidade de ouro reciclado diminuiu 1%, pois os proprietários preferem mantê-lo em vez de vendê-lo, na expectativa de subida de preços.
Os custos globais de extração subiram para 1470 dólares por onça em meados de 2025, o nível mais alto em uma década. Isto significa que a expansão da produção será lenta e dispendiosa, aprofundando a lacuna entre procura crescente e oferta limitada.
Quarto: Trajetória das taxas de juro e políticas monetárias
A Reserva Federal cortou as taxas de juro em outubro em 25 pontos base para o intervalo de 3,75-4,00%. Os mercados já precificam uma nova redução de 25 pontos na reunião de dezembro, tornando-se o terceiro corte desde o início do ano.
Segundo as previsões da BlackRock, o Federal Reserve poderá atingir uma taxa de 3,4% até ao final de 2026. Isto reduzirá os rendimentos reais dos títulos, atenuando o custo de oportunidade de possuir ouro, que não rende juros.
O Banco Central Europeu continuou a endurecer a política para combater a inflação, enquanto o Banco do Japão manteve uma política acomodatícia. Esta divergência criou um ambiente de instabilidade que levou os investidores a recorrer ao ouro como refúgio seguro.
Quinto: Dívida soberana e preocupação inflacionária
A dívida pública global ultrapassou 100% do PIB, segundo o Fundo Monetário Internacional. Isto levantou preocupações sobre a sustentabilidade das políticas fiscais, especialmente nas economias avançadas.
A fraqueza do dólar e o abrandamento do crescimento nas maiores economias apoiaram os preços das commodities, liderados pelo ouro. Dados da Bloomberg Economics indicam que 42% dos maiores fundos de hedge aumentaram posições em ouro no terceiro trimestre de 2025.
Sexto: Riscos geopolíticos e tensões
Conflitos comerciais entre os EUA e a China, além de tensões no Médio Oriente, aumentaram a procura por ouro em 7% ao ano. A escalada de tensões no estreito de Taiwan e as preocupações com o fornecimento de energia levaram os preços acima de 3400 dólares em julho, antes de saltarem ainda mais em outubro.
Este comportamento mostra que qualquer nova crise geopolítica em 2026 poderá impulsionar o ouro para níveis recorde.
O dólar e os títulos: os dois principais fatores de movimento de preço
O índice do dólar caiu 7,64% desde o pico de início de 2025 até ao fecho de 21 de novembro, influenciado pelas expectativas de corte de juros. As yields dos títulos americanos a 10 anos caíram de 4,6% no primeiro trimestre para 4,07% em meados de novembro.
Este duplo recuo reforçou a procura institucional por ouro, com investidores a procurar equilibrar as suas carteiras afastando-se de ativos denominados em dólares. Analistas do Bank of America veem que a estabilidade das yields reais perto de 1,2% com pressão contínua sobre o dólar pode colocar o ouro numa faixa de alta sustentável.
Perspetivas: previsões dos analistas para 2026
Banco HSBC prevê um salto para 5000 dólares por onça no primeiro semestre de 2026, com uma média anual de 4600 dólares.
Bank of America elevou a sua previsão para 5000 dólares como pico, mas alertou para uma possível correção de curto prazo ao realizar lucros, com uma média prevista de 4400 dólares.
Goldman Sachs ajustou as suas previsões para 4900 dólares, citando fluxos fortes para fundos de ouro e compras contínuas por parte dos bancos centrais.
J.P. Morgan prevê que o ouro atingirá 5055 dólares até meados de 2026.
O intervalo mais consensual entre os analistas situa-se entre 4800 e 5000 dólares como pico potencial, com uma média entre 4200 e 4800 dólares para o ano.
Alertas: quando o momentum pode diminuir?
Banco HSBC alertou que o momentum pode perder força na segunda metade de 2026, com uma possível correção para 4200 dólares ao realizar lucros, mas exclui uma descida abaixo de 3800 dólares a menos que ocorra um choque económico real.
Goldman Sachs advertiu que preços acima de 4800 dólares podem passar por um “teste de credibilidade de preço”, especialmente com a procura industrial fraca.
Por outro lado, analistas do J.P. Morgan e Deutsche Bank argumentam que o ouro entrou numa nova zona de preço difícil de romper para baixo, graças à mudança estratégica na perceção do investidor, que o vê como um ativo de longo prazo em vez de uma ferramenta especulativa passageira.
Análise técnica: o que diz o gráfico?
No gráfico diário, o ouro fechou a 21 de novembro de 2025 em 4065,01 dólares, após atingir um pico de 4381,44 dólares em 20 de outubro.
O ouro quebrou a linha de tendência ascendente no gráfico diário, mas mantém a linha de tendência principal que liga os fundos em torno de 4050 dólares. O suporte forte na zona de 4000 dólares é um ponto de viragem decisivo: se for rompido com um fecho diário claro, o preço pode atingir os 3800 dólares (50% de retração de Fibonacci).
Na resistência, o primeiro nível forte é 4200 dólares, seguido por 4400 e 4680 dólares.
O índice de força relativa (RSI) está estável em 50, indicando uma condição de total neutralidade, sem sobrecompra ou sobrevenda. O indicador MACD permanece acima de zero, confirmando a continuação da tendência de alta geral.
A análise técnica sugere que a negociação continuará dentro de um intervalo lateral entre 4000 e 4220 dólares a curto prazo, mantendo a perspetiva positiva enquanto o preço permanecer acima da linha de tendência principal.
Perspetivas do ouro nos mercados árabes
Em Egito, as estimativas apontam para um preço do ouro de cerca de 522.580 libras egípcias por onça até 2026, um aumento de aproximadamente 158,46% face aos preços atuais.
Na Arábia Saudita, se considerarmos o cenário ambicioso de 5000 dólares por onça, a uma taxa de câmbio fixa, o valor pode chegar a cerca de 18750 a 19000 riais sauditas.
Nos Emirados Árabes, o mesmo cenário pode resultar numa estimativa de perto de 18375 a 19000 dirhams Emirados.
Importa salientar que estas estimativas assumem a estabilidade das taxas de câmbio (e que o mercado global mantém a procura sem grandes oscilações económicas).
Conclusão: refúgio seguro ou bolha de preço?
Embora o consenso indique que o ouro deverá testar os 5000 dólares em 2026, a concretização depende da estabilidade de várias equações:
Por outro lado, uma redução da inflação real ou uma recuperação da confiança nos mercados pode levar o ouro a uma fase de estabilidade prolongada antes de atingir esses níveis. Mas o que parece claro é que os fatores fundamentais sustentam a tendência de alta pelo menos até meados de 2026, tornando o metal amarelo uma opção de investimento atraente para investidores à procura de proteção e hedge contra a incerteza.