Investimento em ETF de ouro em 2024: uma escolha de refúgio em metais preciosos com oportunidades e riscos coexistentes

Num contexto de crescente incerteza na economia global, o ETF de ouro está a voltar a ser um foco de atenção dos investidores. Esta ferramenta de investimento, que parece tradicional, tem vindo a suscitar uma nova vaga de interesse devido às suas características únicas de proteção contra riscos e ao baixo limiar de entrada. Então, será que atualmente é o momento certo para apostar em ETF de ouro? E quais os produtos que merecem mais atenção?

Por que o ETF de ouro está a recuperar o interesse em 2024

Neste ano, múltiplos fatores estão a levar os investidores a reavaliar o valor do investimento em ETF de ouro.

Primeiro, a deterioração da situação geopolítica constitui um suporte importante. Os conflitos na Ucrânia e Gaza continuam a intensificar-se, enquanto as tensões entre os EUA, China, Rússia e Irã aumentam. Neste ambiente, o ouro, como ativo tradicional de refúgio, voltou a captar capital.

Em segundo lugar, as mudanças na política de taxas de juro criaram um novo espaço de subida para o ouro. Como é sabido, o preço do ouro tem uma relação inversa com o dólar. Com a possibilidade de o Federal Reserve reduzir as taxas, a expectativa de depreciação do dólar aumenta, podendo o preço internacional do ouro subir ainda mais. Mais importante, a redução das taxas enfraquecerá a atratividade de ativos de rendimento fixo, levando o capital a fluir para o ouro, criptomoedas e outros ativos alternativos.

Não podemos ignorar que o nível de dívida global atingiu níveis históricos. A dívida pública dos EUA representa 129% do PIB, enquanto o Japão chega a 263,9%. Neste contexto, as preocupações com a estabilidade do sistema financeiro mundial aumentam. Cada vez mais analistas acreditam que no futuro poderá emergir uma nova ordem financeira internacional baseada no ouro, em vez do dólar. Recentemente, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que os EUA estão numa “caminho fiscal insustentável”. Diante desta incerteza macroeconómica, o ETF de ouro surge como uma das opções de defesa mais acessíveis.

A essência e o funcionamento do ETF de ouro

O ETF de ouro é uma ferramenta de investimento que acompanha o preço do ouro, permitindo aos investidores expor-se a este ativo sem necessidade de possuir ouro físico. Dependendo do método de rastreamento, estes produtos dividem-se em duas categorias:

ETF de suporte físico: detém diretamente ouro físico armazenado em cofres seguros, com cada quota representando a propriedade de uma quantidade específica de ouro. Esta estrutura oferece uma ligação direta ao preço e maior segurança.

ETF sintético: rastreia o preço do ouro através de contratos derivados (futuros, opções, etc.), de forma indireta. Embora as taxas possam ser mais baixas, esta abordagem introduz riscos de contraparte, e o retorno depende da solvabilidade da entidade emissora do fundo.

Comparado com a posse direta de ouro físico ou fundos tradicionais, o ETF de ouro apresenta vantagens claras: alta liquidez, possibilidade de compra e venda a qualquer momento durante o horário de negociação; custos de gestão baixos, com taxas anuais entre 0,1% e 0,4%; e um preço de entrada acessível, com cada ação a custar apenas algumas dezenas de dólares, sendo adequado para pequenos investidores.

Estado atual do mercado: sinais contraditórios

Apesar do desempenho relativamente sólido do ETF de ouro em 2024 (com um aumento de cerca de 6% na primeira metade do ano), há uma contradição interessante no fluxo de fundos. Segundo dados do World Gold Council, nos últimos 9 meses, o ETF de ouro registou uma saída líquida de fundos. Em fevereiro, a saída global atingiu 2,9 mil milhões de dólares, sendo 2,4 mil milhões na América do Norte, 700 milhões na Europa e 200 milhões na Ásia, que registou uma entrada líquida.

Este movimento de saída de fundos não afetou gravemente o preço do ouro, devido ao forte suporte da procura. Os bancos centrais continuam a comprar ouro com entusiasmo: em 2023, 71% das instituições consultadas afirmaram que aumentariam as suas reservas de ouro nos próximos 12 meses, face a 61% em 2022. Isto reflete uma contínua desconfiança na posição do dólar e uma confiança no ouro como reserva de valor última.

Em termos de estrutura de procura, o ouro provém de quatro canais principais, com uma distribuição equilibrada e relativamente estável. No quarto trimestre de 2023, a procura global atingiu 1.149,8 toneladas, sendo 581,5 toneladas de joias, 258,3 toneladas de investimento (com contributo significativo de compras em ETF), 229,4 toneladas de compras pelos bancos centrais e 80,6 toneladas para uso industrial. Esta diversidade de fontes garante a resiliência do preço do ouro.

Considerações principais para investir em ETF de ouro neste momento

A tolerância ao risco individual é o fator primordial. Investidores com maior apetência por risco podem preferir ações tecnológicas ou outros ativos de alto crescimento; já aqueles com tolerância média ou baixa devem considerar incluir uma proporção de ETF de ouro na sua carteira, para amortecer a volatilidade de outros ativos.

A necessidade de diversificação da carteira. O maior valor do ouro reside na sua baixa correlação com ações tradicionais, ajudando a reduzir o risco global do portefólio. Não se deve concentrar todo o capital numa única classe de ativos.

A perspetiva de investimento a longo prazo. Apesar de o preço do ouro poder oscilar no curto prazo, a longo prazo, o ETF de ouro é uma ferramenta eficaz contra a inflação e riscos sistémicos. Dados históricos mostram que, desde 2009, o preço do ouro à vista aumentou 162,31%, demonstrando o seu valor a longo prazo.

A compreensão do contexto macroeconómico. Embora o ouro seja geralmente considerado um ativo de refúgio, o timing do investimento também é importante. As atuais expectativas de redução das taxas de juro, as preocupações com crises de dívida e o aumento de conflitos geopolíticos criam condições favoráveis para o ouro.

Seis principais produtos ETF de ouro para comparar

1. SPDR Gold Shares (NYSE: GLD)

O fundo de ouro mais líquido do mercado, com ativos sob gestão de 560 mil milhões de dólares e um volume diário de 8 milhões de ações. Este ETF rastreia ouro físico armazenado no HSBC de Londres, cotado em dólares. Taxa anual de 0,40%, cotação de 202,11 dólares por ação, com um aumento de 6,0% em 2024.

2. iShares Gold Trust (NYSE: IAU)

Segundo produto mais líquido, com ativos de 25,4 mil milhões de dólares e volume diário de 6 milhões de ações. Gerido pelo JP Morgan Chase, com ouro físico armazenado em Londres. Taxa anual de 0,25%, cotação de 41,27 dólares por ação, com aumento de 6,0%. Desde 2009, o retorno acumulado é de 151,19%.

3. Aberdeen Physical Gold Shares (NYSE: SGOL)

O ouro está disperso entre Suíça e Reino Unido, com um volume de 2,7 mil milhões de dólares e 2,1 milhões de ações negociadas por dia. Taxa de 0,17%, cotação de 20,86 dólares por ação, sendo uma das opções mais acessíveis do mercado, com aumento de 6,0%.

4. Goldman Sachs Physical Gold ETF (NYSE: AAAU)

Com respaldo de um banco de investimento de topo, custodiado pelo JPMorgan Chase, com ouro armazenado no Reino Unido, com ativos de 614 milhões de dólares. Taxa de apenas 0,18%, muito inferior à média do setor de ETFs de commodities, que é de 0,63%. Cotação de 21,60 dólares por ação, com aumento de 6,0%.

5. SPDR Gold MiniShares (NYSE: GLDM)

Versão de baixo custo lançada pela State Street, com a menor taxa do mercado de fundos de ouro físico, apenas 0,10%. Ativos sob gestão de 6,1 mil milhões de dólares, volume diário de 2 milhões de ações, cotação de 43,28 dólares por ação, com aumento de 6,1%.

6. iShares Gold Trust Micro (NYSE: IAUM)

Atualmente, o ETF de ouro com menor custo do mercado, com uma taxa de 0,09%. Ativos de 1,2 mil milhões de dólares, volume diário de 344 mil ações, cotação de 21,73 dólares por ação, com aumento de 6,0%. É importante notar que este produto foi lançado em 2021, com um desempenho histórico de apenas 22,82%, sem dados de longo prazo disponíveis.

Revisão do desempenho a longo prazo: quem vence e quem perde

Comparando o desempenho desde 2009, podemos observar diferenças entre os fundos:

O IAU lidera com um retorno acumulado de 151,19%, demonstrando a competência de gestão da iShares. O GLD fica logo atrás, com o mesmo retorno de 151,19%, refletindo a gestão de fundos de grande dimensão. O SGOL atinge 106,61%, indicando que uma custódia mais dispersa não prejudicou o desempenho. O AAAU, embora com taxas baixas, apresenta um retorno de 79,67% a longo prazo, possivelmente devido à sua gestão mais recente. O GLDM oferece um retorno de 72,38%, compatível com as suas taxas extremamente baixas. O recém-lançado IAUM, com apenas três anos de cotação, apresenta um retorno de 22,82%, sem grande relevância para análise de longo prazo.

Três principais recomendações para investir em ETF de ouro em 2024

Primeiro, defina claramente os seus objetivos de investimento e tolerância ao risco. Antes de investir em qualquer ETF de ouro, é fundamental estabelecer expectativas de retorno e limites de perda. O ouro é uma reserva de estabilidade, não de altos lucros, sendo mais adequado para quem busca preservação de capital do que lucros rápidos.

Segundo, diversifique de forma efetiva. O valor do ouro reside na sua baixa correlação com ações tradicionais, ajudando a reduzir o risco global do portefólio. Não concentre todo o capital numa única classe de ativos.

Terceiro, adote uma perspetiva de investimento a longo prazo. O ouro é uma proteção contra a inflação e riscos sistémicos, com efeito de juros compostos ao longo do tempo. Evite tentar comprar no pico ou vender na baixa; ajuste periodicamente a proporção de ouro na carteira de acordo com o macroambiente, mantendo uma posição estável.

Reflexões finais

Num cenário em que os bancos centrais aumentam as reservas de ouro, as crises de dívida acumulam riscos e os conflitos geopolíticos aumentam, investir em ouro através de ETF tornou-se uma escolha cada vez mais racional. Estes produtos permitem que pequenos investidores acessem este ativo de refúgio a custos muito baixos.

A questão já não é “devo investir em ETF de ouro”, mas sim “qual a proporção adequada”. A resposta varia de pessoa para pessoa, mas, no atual contexto macroeconómico, ignorar o ouro seria uma decisão de investimento pouco prudente.

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