Ponto de inflexão da Stone: STNE supera as previsões com um recorde de BRL 2,07 bilhões em receita no Q1, sinalizando uma mudança estratégica na rentabilidade

StoneCo Ltd (Nasdaq: STNE) marcou um ponto de viragem crucial na sua trajetória operacional, apresentando resultados financeiros que superaram substancialmente as expectativas do mercado no primeiro trimestre de 2022. As receitas totais da empresa atingiram BRL 2,07 mil milhões — um aumento impressionante de 138,6% face ao mesmo período do ano anterior — ultrapassando também a sua própria previsão, que variava entre BRL 1,85 e BRL 1,90 mil milhões. Este desempenho representa mais do que uma execução sólida; indica a eficácia da estratégia de preços da Stone e o seu reposicionamento no ecossistema fintech do Brasil.

Os Números por Trás do Impulso

A escala de crescimento torna-se evidente ao analisar o desempenho por segmento. As receitas de Serviços Financeiros aumentaram 107,8% para BRL 1,7 mil milhões, enquanto a divisão de Software registou um aumento impressionante de 955,6% para BRL 326,6 milhões. Este crescimento de dupla força traduziu-se diretamente no resultado final: o lucro ajustado antes de impostos (EBT) disparou para BRL 163,1 milhões no Q1, um salto dramático em relação aos BRL 17,2 milhões do trimestre anterior — aproximadamente um aumento de 9 vezes na rentabilidade em um período de três meses.

O lucro líquido ajustado subiu para BRL 132,2 milhões, quadruplicando os BRL 33,7 milhões registados no Q4 de 2021. O CEO Thiago Piau atribuiu esta inflexão a uma combinação de fatores: forte crescimento da receita apesar de obstáculos sazonais, gestão disciplinada de custos e, crucialmente, uma melhoria na qualidade da base de clientes da Stone através de iniciativas de precificação seletiva.

Métricas Operacionais Refletem Saúde Subjacente

O volume total de pagamentos (TPV) da Stone atingiu BRL 83,2 mil milhões no Q1, refletindo um aumento de 63,1% face ao mesmo período do ano anterior. O segmento de micro, pequenas e médias empresas (MSME) — foco principal do mercado da Stone — demonstrou força particular, com um crescimento de 93,3%, impulsionado pela aquisição de clientes que atingiu 1,9 milhões de utilizadores e por volumes de transação por cliente melhorados.

A taxa de comissão da empresa, uma medida crítica do poder de fixação de preços, expandiu de 1,71% para 2,06% durante o trimestre, reforçando a capacidade da Stone de captar valor da sua rede de comerciantes. Esta métrica é particularmente importante para as comunicações de relações com investidores, pois demonstra a tração de preços independentemente do crescimento do volume.

Transparência Estratégica e Orientação Futura

A decisão da Stone de reportar Serviços Financeiros e Software como unidades de negócio distintas reflete uma mudança deliberada em direção a uma maior transparência operacional. Esta alteração estrutural, juntamente com medidas reforçadas de governança corporativa, posiciona a empresa para comunicar de forma mais eficaz com os participantes dos mercados de capitais.

Para o futuro, a Stone projeta uma receita total de entre BRL 2,15 a BRL 2,2 mil milhões no Q2 de 2022, implicando um crescimento de 148-154% em relação ao Q2 de 2021 numa base pro-forma (incluindo Linx). O TPV de MSME é estimado entre BRL 67-68 mil milhões, representando uma expansão de 71-73% face ao mesmo período do ano anterior. A orientação para o EBT ajustado varia de BRL 185 milhões antes de despesas com títulos, ou mais de BRL 90 milhões após custos financeiros — mantendo o impulso de rentabilidade iniciado no Q1.

Evolução da Liderança

Para acelerar a execução nas operações de tecnologia e crédito, a Stone anunciou nomeações-chave de executivos. Marcus Fontoura assume o cargo de Diretor de Tecnologia, trazendo experiência da Microsoft, Google, Yahoo e IBM. Thomas Gregor liderará a função de Crédito a partir do segundo semestre de 2022, aproveitando mais de três décadas de experiência em gestão de risco de serviços financeiros no Santander Brasil. Osmar Castellani junta-se como Vice-Presidente de Finanças da Divisão de Software, apoiando-se em credenciais de banca de investimento do Goldman Sachs e Credit Suisse.

Estas nomeações sinalizam a ambição da Stone de expandir além das suas origens em pagamentos a comerciantes para ofertas de serviços financeiros mais sofisticados, apoiadas por uma infraestrutura tecnológica de classe mundial e expertise em risco de crédito.