Revelando o TIR: por que o rendimento de um mesmo título pode variar 4 vezes?

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Ao investir em obrigações, você decide apenas com base no rendimento do cupão? Se for assim, pode estar a perder o indicador mais importante — a TIR (Taxa Interna de Retorno).

Imagine duas obrigações à sua frente: uma com cupão de 8%, outra com cupão de 5%. A intuição diria que a primeira é melhor, mas o rendimento real pode ser mais baixo. O segredo está na TIR.

Um conceito que todo investidor em obrigações deve entender

O verdadeiro significado da TIR

A TIR é um indicador de taxa de juros expresso em percentagem, usado para medir quanto de retorno real uma obrigação ou projeto de investimento pode proporcionar. Ela não olha só para o cupão, mas também considera o preço de compra, o prazo de manutenção e o valor de face a ser recebido no vencimento.

Por exemplo: se compras um produto no mercado com um preço de referência (equivalente à TIN, taxa nominal), o quanto realmente pagas depende do peso, de descontos, de entregas incluídas — estes fatores combinados refletem a TIR, que mostra o custo real (ou retorno).

Por que a TIR de uma mesma obrigação pode variar?

O segredo da variação do preço da obrigação

Quando uma obrigação é negociada no mercado, o seu preço oscila. O ponto-chave: No vencimento, independentemente do preço de compra, o emissor devolve o valor de face mais o último cupão.

Suponha uma obrigação com valor de face de 100 euros, vencimento em 4 anos. No mercado:

  • Se a compraste por 94,5 euros (abaixo do valor de face), ao vencimento ganhas a diferença de preço, além do cupão, aumentando o rendimento total
  • Se a compraste por 107,5 euros (acima do valor de face), já estás a perder, pois ao vencimento só receberás 100 euros, o que diminui o rendimento total

Por isso, ao calcular a TIR, é fundamental considerar o preço de compra — ele afeta diretamente o retorno final.

Exemplo prático: perceba a diferença

Cenário 1: compra a preço baixo

Uma obrigação cotada a 94,5 euros, com cupão de 6% ao ano, com 4 anos até ao vencimento.

Calculando a TIR: TIR = 7,62%

Apesar do cupão ser só 6%, por ter sido comprada por um preço mais baixo, o rendimento total sobe para 7,62%.

Cenário 2: compra a preço alto

A mesma obrigação cotada a 107,5 euros, com as mesmas condições.

Resultado: TIR = 3,93%

O cupão de 6% foi diluído para 3,93%. Por que tanta perda? Porque ao vencimento só receberá 100 euros, tendo comprado por 107,5 euros, o que gera uma perda que afeta o rendimento ao longo de todo o período.

TIR, TAE, TIN: não confunda

  • TIN (Tipo de Juros Nominal): taxa de juros prometida pelo banco, o número mais simples, sem custos adicionais
  • TAE (Taxa Anual Equivalente): custo real de um produto financeiro, incluindo todas as taxas, comissões, seguros, etc. Por exemplo, um crédito com TIN de 2% pode ter uma TAE de 3,26% devido a custos de abertura, seguros, etc.
  • TIR: especialmente para obrigações e projetos de investimento, reflete a taxa de retorno real considerando todos os fluxos de caixa numa determinada condição de compra

Resumindo: a TIR é a melhor amiga do investidor em obrigações, enquanto a TAE é uma métrica importante para quem empresta ou toma emprestado.

Factores que influenciam a TIR

Cupão mais alto → TIR mais alta

É intuitivo: mais pagamento de juros, maior retorno.

Preço de compra mais baixo → TIR mais alta

Obrigações adquiridas a preços baixos escondem maior potencial de retorno — uma oportunidade de arbitragem no mercado de obrigações.

Obrigações especiais têm variações específicas

  • Obrigações convertíveis: a TIR também varia com o preço da ação subjacente
  • Obrigações com taxa variável (FRN) ou indexadas à inflação: a TIR acompanha a inflação

Como calcular a TIR?

A fórmula padrão envolve resolver equações de múltiplas variáveis, o que é complicado de fazer à mão. Na prática, usa-se calculadoras online de TIR: basta inserir o preço de compra, o cupão e o prazo, e obter o resultado instantaneamente.

Dados essenciais:

  • Preço de compra (P)
  • Taxa de juros do cupão ©
  • Prazo restante (n)

Uma lição dura: não se deixe enganar por TIR alta

Durante a crise da dívida grega, a TIR dos títulos de 10 anos chegou a ultrapassar 19% — parecia uma oportunidade de “ficar rico de um dia para o outro”.

Mas a realidade: uma TIR tão elevada indicava que o mercado acreditava que a Grécia tinha grande risco de incumprimento. E, de facto, se não fosse o resgate da zona euro, a Grécia teria declarado default, e os detentores desses títulos perderiam tudo.

Este aviso é importante: a TIR só indica o retorno teórico, é fundamental também avaliar a qualidade de crédito do emissor. Uma obrigação de alto rendimento pode ser uma mina de ouro ou uma armadilha.

Última recomendação

Ao escolher obrigações, faça uma análise dupla:

  1. Veja a TIR — para encontrar a oportunidade mais vantajosa
  2. Avalie a solvabilidade do emissor — para garantir que consegue pagar

Só assim terá uma estratégia de investimento racional.

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